sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

França e Holanda alertam que a crise migratória ameaça romper a União Européia

     A chegada de refugiados tem aberto uma crise muito mais profunda do que poderia aparecer ao seio da Uniao Européia. Suficiente para ser "A maior ameaça de ruptura" da União, pelas palavras do primeiro ministro francês, Manuel Valls. Seu correspondente holandês ratificou esta quinta-feira a urgência dessa peleja e fixou um prazo de "seis a oito semanas" como limite para encontrar uma solução ao fluxo de refugiados e salvar Schengen. " O projeto europeu poderia morrer, não em décadas ou em anos, poderia inclusive ser até muito mais rápido se somos incapazes de responder a problemas de segurança", alertou Valls.



"Não podemos aceitar a todos os refugiados que cheguem à União, isso é bem evidente, porque nos desestabilizariam como países", admitiu Valls em um café da manhã a um restrito grupo de jornalistas durante o marco do Fórum Econômico Mundial (WEF sigla em inglês). O dirigente francês se mostrou ao lado daqueles que defendem limitar a chegada de imigrantes à União, como ocorreu esta semana na Áustria, batendo de frente com a posição defendida pela chanceller alemã, Angela Merkel, de acolher os refugiados que fogem de zonas de conflito e solicitam abrigo político.


"Para freiar o fluxo de imigrantes teremos que encontrar uma solução à crise síria mas isso não será algo que aconteça com rapidez" admitiu o primeiro ministro francês. "Se quisermos que Schengen sobreviva teremos que proteger as fronteiras exteriores e teremos que dedicar recursos econômicos e humanos para essa tarefa" advertiu Valls. "Do contrário, Schengen vai entrar em colapso e desaparecer"; destacou frente à jornalistas.


    

Uma tese que defendeu pouco depois o primeiro ministro holandês, Mark Rutte, em um panorama sobre o futuro da Europa no qual também participou Valls; Junto com seu correspondente grego, Alexis Tsipra e o ministro de finanças alemão, Wolfgang Schaüble.

Rutte adverte que com a chegada da primavera teremos uma intensificação nos fluxos dos refugiados para a Europa, o que provocará a instalação de novos controles fronteiriços nos países da União, e com isso, o fim do acordo de livre circulação de pessoas

"A União Européia tem entre seis a oito semanas" para buscar uma resposta política e salvar o acordo de Schengen,replica Rutte. Seguindo seus números , 35.000 imigrantes tem cruzado o mar desde à Turquia até a Grécia nessas três primeiras semanas do anos, frente aos 1200 que chegaram às costas europeias em janeiro de 2015. "Não podemos administrar a chegada de refugiados nesse número por muito mais tempo" , assegurou. "Schengen é um acordo crucial para a U.E. mas é evidente que o sistema de Dublin não está funcionando e devemos botá-lo para funcionar antes que mate Schengen" complementa.

Rutte e Valls defenderam a necessidade de adotar medidas urgentes, como o acordo com à Turquia para controlar as mafias que cruzam os imigrantes pelo mar; reforçar as fronteiras exteriores da UE. Os mesmos temas que os dirigentes europeus levam meses discutindo com escassos avanços." Se queremos que a Europa seja mais forte, basta uma só questão: "A implementação dos acordos, estúpido", sentenciou Schaüble, parafraseando o ex-presidente americano Bill Clinton em sua campanha de 92.



  


Ao longo destes dias em Davos se tem escutado em diversas ocasiões duras críticas ao papel da Grécia sobre a gestão da chegada de refugiados e nesta quinta-feira, por fim, Tsipras pode defender-se "Queremos ser parte da solução, não do problema. Porém, cada dia que passa, nos deparamos com um número cada vez maior de mortes em nossas costas e não podemos ignorá-las", censurou o primeiro ministro grego." É uma vergonha a incapacidade que a União Européia está mostrando para lidar com o que está acontecendo em nossos mares. Nós enfrentamos uma crise pan-europeia, na qual teremos que trabalhar juntos e que nos recorda que a União européia não pode ser união apenas no papel", conclui. 

Os relatores coincidiram nesta quinta em defender que a resposta a esta crise é "Mais Europa e não menos", uma frase que ameaça converter-se em pouco mais que um slogan sobre a necessidade de integração ,porém vazia, com nenhum compromisso concreto. Contudo, existiu uma alguma resposta inovadora, partindo especialmente de quem representa como poucos a defesa da austeridade até as últimas consequências. O titular alemão de finanças apostou em criar uma espécie de Plano Marshall para investir bilhões de euros no desenvolvimento econômico dos países e regiões, onde se originam os conflitos, evitando assim a saída de seus cidadãos. A Grécia, em sentido contrário, insistiu na necessidade de cumprir com os compromissos de reformas e ajustes adquiridos.


Traduzido do espanhol por Thiago Monteiro

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